Foto: Valério Ayres
O corre-corre da Rodoviária do Plano Piloto vai diminuir hoje, a partir das 16h, com o projeto Plataforma do Samba. O show gratuito contará com vários grupos da cidade, como Adora Roda, Regional Candanguero, Maracangalha, além de cantores Sérgio Magalhães, Marquinhos Benon, Teresa Lopes e Kiki Oliveira. “Desde o primeiro ano (2007), o evento é feito na Rodoviária. Brasília é muito segregada geograficamente, então, queríamos um lugar mais central para integrar as pessoas e os grupos de samba da cidade que, muitas vezes, não têm oportunidade para se reunir”, conta Cris Pereira, uma das idealizadoras do projeto.
A roda de samba terá músicas de Adoniran Barbosa, Arlindo Cruz, Cartola, Dona Ivone Lara, Martinho da Vila, Paulinho da Viola e Ary Barroso. O compositor de Aquarela brasileira foi (sem querer) o responsável pela criação do Dia Nacional do Samba. A data surgiu para comemorar o dia da visita dele à Bahia, estado que ainda não conhecia, mas que já havia homenageado com Na baixa do sapateiro.
“Estamos na quinta edição e tem dado certo na base do improviso, mas um improviso gostoso. Cada uma ajuda com o que se pode oferecer: mesas, cadeiras, equipamentos de som. É o pessoal do samba quem faz tudo!”, comenta Cris sobre a estrutura do evento. Sem nenhum apoio financeiro, ela e os músicos da cidade esperam que a Plataforma do Samba ganhe no futuro uma estrutura maior por causa do crescimento do público. “É visível o aumento. No primeiro ano, foi num domingo chuvoso e o pessoal passava e não parava. Agora, temos que guardar os instrumentos, senão, o pessoal fica até tarde. Quem foi uma vez fica com gostinho de quero mais e volta ano seguinte”.
Mais espaço
Patrimônio Cultural Imaterial desde 2007, o gênero imortalizado por Noel Rosa terá comemorações em todo o Brasil. Apresentações em Salvador, em São Paulo e no Rio do Janeiro (com o tradicional Pagode do Trem) ajudam a fortalecer o ritmo que, apesar de ser símbolo do país, ainda encontra obstáculos. “O Dia Nacional do Samba é importante para abrir espaço para outros gêneros. O sertanejo está dominando tudo e o verdadeiro samba, na verdade, fica um pouco fora da grande mídia. Nomes como Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho já têm espaço, mas o pessoal que está começando ainda encontra dificuldade”, observa Breno Alves, vocalista do Adora Roda.
Breno Alves:’O pessoal que está começando ainda encontra dificuldade para mostrar seu trabalho’ (Luis Xaviar de França/Esp.CB)
Breno Alves:”O pessoal que está começando ainda encontra dificuldade para mostrar seu trabalho”
“Quero chegar cedo e acompanhar para ver tudo até o final. É como na escola de samba: é agradável vê-la crescer antes de o desfile começar, com o pessoal chegando. Brasília está bem melhor, porque tem muito compositor fazendo música de qualidade, surgiu muita gente boa. Agora, podemos fazer shows só com artistas daqui”, diz o compositor portelense Carlos Elias, presença garantida nas principais batucadas da cidade e, claro, na Plataforma do Samba, pois, quem não gosta de samba…
Batucada no trem
Idealizado por Marquinhos de Oswaldo Cruz, o Pagode no Trem surgiu para celebrar o Dia Nacional do Samba no Rio de Janeiro. Com shows na Central do Brasil e nos vagões rumo a Oswaldo Cruz, o projeto já contou com participações ilustres de Moacyr Luz, Almir Guineto, Mauro Diniz e Dona Ivone Lara. Neste ano, a batucada começou no início da semana e, hoje, terá apresentações com Nelson Sargento, Wilson Moreira, Monarco e a Velha Guarda da Portela.
PLATAFORMA DO SAMBA
Hoje, a partir das 16h, roda de samba com músicos da cidade na Rodoviária do Plano Piloto. Entrada franca. Classificação indicativa livre.
Fonte: Correio Braziliense